segunda-feira, 5 de outubro de 2009



Um dia nos meus versos quem há de crer?
Se eu nele derramar meus dons mais puros?
No entanto sabe o céu que eles são muros
Que a tua vida ocultam por metade.

Dissera o que de teu olhar emana,
Teus dons em nova métrica medira,
Que acharia o porvir então: "Mentira!
Tais tratos não retratam face humana".

Que mofem pois deste papel fanado
Qual dos velhos loquazes, e a teu ente
Chamem de pura exaltação da mente
E a meu verso exageros do passado.
Mas se chegar tua estirpe a tanto,
Em dobro hás de viver: nela e em meu canto.¨


WILLIAM SHAKESPEARE