domingo, 27 de dezembro de 2009

CANÇÃO DA ESPERA


CANÇÃO DA ESPERA

Sendo a sombra, apalpo o medo
Que sobre mim se resvala.
Para cantar ainda é cedo,
Mas minha voz não se cala

Há noite Espessa lá fora
Nenhum galo ainda canta
Mas brilha em meu peito a aurora
Nasce o sol em minha garganta




Ignez Sparapanni

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Alessândra


Alessândra

Um dia
alguns sorrisos
felicitaram e
justificaram a claridade,
muitos abraços configuraram
um doce afeto da humanidade,
muita alegria
contagiou
e transformou tonalidade,
de algumas horas
que eram sorrisos que eram abraços
que eram presentes...
nos mesmos traços.
Um dia
você notou
que existiram
alguns sorrisos,
você sorriu
porque gostou de alguns abraços
que conseguiu
e recebeu

então saia dessa quietude e venha me abraçar...
amo-te
Dedico a você amiga Alessândra de Alcântara

Ignez Sparapanni/Ig

Penitência


Penitência

O garfo passeia no ar
Mas a visão esta distante
E corre nos campos da infância,
Para onde não há retorno.

Por dentro dos campos fechados
Corações prisioneiros, arame farpado,
Escapas p'ra não voltar aos dias de ontem,
Janelas onde os olhares não cabem.


Enjôo dos dias infinitos tenebrosos,
Com distrações de mal-assombrados espantos.
A toda hora esquentar de pavores reprimidos,
Reprimir dos encantos, sufocar das esperanças.

Testar toda noite a solidez dos blocos,
A rigidez das pedras no desfio das mãos
E o fugir pelos pátios iluminados de holofotes,
Ao zunir das balas, atingidas ilusões.

Mastigar corretamente os grãos escassos da vida,
Absorvendo do garfo as imagens que escorrem,
Por força da adrenalina ou da angustia sentida
(pois que os bravos nunca morrerão...)

Ver nessas horas que é tempo de voltar,
Antes que as horas marcadas me denunciem
E a vigilância tente me queimar
Por ter chegado após o bater dos cartões

Ignez Sparapanni

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Ser


Ser

Queria apenas um momento de imperfeição
Para que cada palavra se tornasse uma nota musical,
Cada sentimento uma cor inimaginável,
E cada pensamento a perfeição marginal entre o coração
E o que não pode ser.




Ignez Sparapanni

Boba- da- Corte


Boba- da- Corte


Ah, se eu pudesse despedaçar as algemas
E cuspi-las fora de Minha Alma,
Pisar vossas vestes e roçar-vos no rosto
O amargor destes anos cansados de tanto repudio,
Tanger meus dentes em ouvidos serenos
E abrandar vossos risos,
Abafando os soluços
Nas minhas ásperas mãos.
Ah, se eu pudesse bular-me de vos,
Ostentar a bandeja onde pousa serena e soberbamente
A cabeça de Rei, minha Senhora



Ignez Sparapanni

domingo, 20 de dezembro de 2009

Vestes do Dia!


Vestes do Dia!

Num misto de rosa e jasmim
Caminhamos
Envoltos em vestes transparentes
O dia jaz demente
No amarelo da tarde
Nossas cabeças explodem delirantes
O que há alem da cortina de cetim?




Ignez Sparapanni

Animal Terrestre



Animal Terrestre

Agora eu Vôo
E sinto nas asas o vento
E se me opõem
Mas um dia
Terei a terra no coração
E areia sob os pés
Como qualquer ANIMAL TERRESTRE


Ignez Sparapanni

ESPERANÇA


Esperança

No açude de hipocrisias
Quero receber a mensagem
De esperança das montanhas;
Admirar a pureza das nuvens;
Perceber a ingenuidade do Caboclo
Ser surda ao vento furioso
Causador do murmúrio das águas;
Ignorar os acordes
De uma brisa compassada...
Para então partilhar
Da alegria dos pássaros

Ignez Sparapanni

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Navegar... Precisei...


Navegar... Precisei...




Começou a chover. Dia ainda.

De repente o despedaçado coração
Sentiu vontade larga de navegar
Navegar
Na enxurrada lenta que
Calava a voz da rua.

Navegar bonito
No raso dos olhos mais cinzentos
De uma cidade sem poente.

Vai daí,
O coração se arranjou todinho
Dentro de um pequeno barco de papel
E lá se foi...
Enquanto isso,
O magro corpo se molhado
Malemá conseguia se despejar inteiro
No leito das velhas esperanças.

(E, muito menos, na inutilidade do tempo)




Ignez Sparapanni

Os dias se vão...


Os dias se vão...


Os dias se vão ou NÃO
Perdem-se no tempo como balões no infinito.
Tudo acontece. Próximos ou distantes
Os seres vivem e eu nada sei sobre eles
Em mim ha vagas idéias apenas imagens irreais,
Recursos naturais, incertos e humanos
Os dias se vão, os meus os seus, os nossos... quem sabe...
Talvez se aprendermos a soltar balões,
Quem sabe... Os nossos... quem sabe...

Ignez Sparapanni

GUERREIRA


GUERREIRA

Ah! Que me desculpem
os junguianos, freudianos e lacanianos...
Mas, Chico Buarque me entenderia
Nasci com dois pares de asas,
vou aonde eu me levar
Não gosto de nada Raso,
eu quero o mergulho, entrar de roupa e tudo.
Tem coisas que não precisam ser explicadas
Pelo menos para mim.
Gosto de pensar assim:
Se a gente faz o que o coração manda,
lá na frente tudo se explica.
Acho bonito ser gente.
Por isso continuo princesa
Continuo Guerreira.
Continuo na lua
continuo na luta
continuo amando você

Ignez Sparapanni

Os dias se vão...



Os dias se vão...


Os dias se vão ou NÃO
Perdem-se no tempo como balões no infinito.
Tudo acontece. Próximos ou distantes
Os seres vivem e eu nada sei sobre eles
Em mim ha vagas idéias apenas imagens irreais,
Recursos naturais, incertos e humanos
Os dias se vão, os meus os seus, os nossos... quem sabe...
Talvez se aprendermos a soltar balões,
Quem sabe... Os nossos... quem sabe...

Ignez Sparapanni

Rasgando o Azul


RASGANDO O AZUL


Seu rosto carente dança nos meus olhos perdidos!
No bailado das ninfas há a doce incógnita de uma tarde molhada.
Paira no ar o veneno do sulfato
Das rosas esmagadas na calçada, suspiros!
No seu olhar arde uma prece inflamada
No meu, em ritmo alucinante,
Dança uma deusa ferida
Desenha caricias no seu corpo adormecido de gemidos!
Faz-lhe voar como pássaro
Ganhar o universo temido
Num olhar toma-lhe os lábios
E alcança o eterno
Assim, livremente, ensina-o e aprende a amar
E, deposita em suas mãos
O brilho de uma estrela cadente, risos!
Estamos livremente perdidos no azul infinito do céu!


Ignez Sparapanni

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Sou um amor assim



Sou um amor assim



Sou um amor assim...

Sou um amor que afaga, acaricia

Que põe nos beijos carradas de ternura

Que trata igualmente a beleza e a feiura

Que leva ao ninho o pão de cada dia





Sou um amor platônico, perfumado

Resignado, quase divino, especial

Sou um amor moderno, sonhado, virtual

Amor imaginado, oculto, teclado





Amor felino, que morde em cada beijo

Amor que magoa quando dá prazer

Amor sempre feito e por fazer

Amor de abraços, de corpos de desejo





Amor que pisa as fronteiras da razão

Um amor de sonho, paixão, loucura

Amor sem normas, sem compostura

Amor de briga, de fúria, de tesão!

Doce Ironia!


Doce Ironia


Doce ironia tem o sabor da noite
Os que nada e a ninguém tem
seguem como presa fácil
e entre eles estou
Os que tudo tem,
mas buscam e até compram
e nada encontram
Às vezes penso que há um véu
que esconde rostos
de outros rostos sinceros
E por isso,
o encontro belo e pleno
É improvável,
É impossível
Jamais vai ocorrer


Amargo é o sabor da manhã
em que acordo
Tendo ao lado um corpo
Tendo no coração
a certeza de apenas algo a mais
Por meio entre as peças
de roupas espalhadas
Procuro por um véu,
olhando bem no rosto
que alteia o corpo tão bem explorado
Vejo que tudo valeu
e que por mais uma vez
o véu não caiu
o amor não aconteceu


Estou só!
Do orgasmo recente
ao choro próximo
Há um só passo
Um passo que não consigo dar

Ignez Sparapanni
Doce Ironia


Doce ironia tem o sabor da noite
Os que nada e a ninguém tem
seguem como presa fácil
e entre eles estou
Os que tudo tem,
mas buscam e até compram
e nada encontram
Às vezes penso que há um véu
que esconde rostos
de outros rostos sinceros
E por isso,
o encontro belo e pleno
É improvável,
É impossível
Jamais vai ocorrer


Amargo é o sabor da manhã
em que acordo
Tendo ao lado um corpo
Tendo no coração
a certeza de apenas algo a mais
Por meio entre as peças
de roupas espalhadas
Procuro por um véu,
olhando bem no rosto
que alteia o corpo tão bem explorado
Vejo que tudo valeu
e que por mais uma vez
o véu não caiu
o amor não aconteceu


Estou só!
Do orgasmo recente
ao choro próximo
Há um só passo
Um passo que não consigo dar


Ignez Sparapanni

domingo, 8 de novembro de 2009

Soneto Para Dizer Nada



Soneto Para Dizer Nada


Somente o verso acalma o meu poeta
e acende a passarada das manhãs.
Voar fica mais leve se a caneta
sabe a saudade e o gosto das maçãs.
O amor foi um presente e me completa,
mesmo perdido e longe das canções...
A vida sem paixão é paz deserta,
sem lágrimas, perfumes e emoções.
Feliz, busco a palavra que não disse,
e digo nada... E nada é muito mais
do que todas as letras que cumprisse,
para enfeitar meus cantos madrigais.
Tenho a emoção do verso e essa doidice
de ver uns colibris nos meus umbrais.

Nathan de Castro

POEMAS SUJOS




POEMAS SUJOS




Tem dias que eu derramo coisas ácidas pelo caminho,
tipo intempéries da alma, nada que se aproveite depois,
e ao olhar para traz eu percebo minha história em decomposição.

Tem dias que eu desprezo as flores e colho os espinhos,
e por mais que critiquem minha loucura,
teimo em fazer sangrias na pele ressequida pela solidão.

Tem dias que brinco de colecionar filetes de pedra,
e por mais que lhes possa parecer estranho,
com eles cometo poesia de pura transgressão.

Tem dias que as palavras maceram poemas sujos,
beija-flor vez por outra mergulha no mangue...
Faz parte da evolução!



NALDOVELHO

O RIO



O RIO



O rio que nasce em meu quarto

inunda a casa e traz corredeiras

que levam para longe

coisas largadas desordenadas,

palavras impensadas,

amarguras, entulhos.



O rio que nasce em meus sonhos

arromba portas que impedem o acesso,

revelam segredos, histórias, enredos,

sentimentos engavetados,

decepções, constrangimentos,

dor de não poder.



O rio que nasce em minha cama

alimenta meus dias e lava as lágrimas,

derramadas faz tempo,

mas deixa aquelas choradas pra dentro,

inquietudes que eu tento

mostrar pra você?



O rio que nasce em meus versos

segue muitos caminhos e espalha sementes,

algumas ardidas com gosto de vida,

ha sempre aquelas que curam feridas,

outras demoram a dar flores e frutos...

Quem sabe um dia alguém possa colher?




NALDOVELHO

PESSOA ASSEMELHADA A PÁSSARO



PESSOA ASSEMELHADA A PÁSSARO





Um Tributo a Manoel de Barros



Pessoa assemelhada a pássaro

gosta de ser chamada de poeta,

às vezes viaja pra longe

com asas de firmamento,

em outras viaja pra dentro

com asas de recolhimento.

Precisa ser íntima das águas

e adora prevaricar com o vento,

lamber madrugadas molhadas,

adornar luz da lua em seu corpo,

e lapidar significados, palavras.



Pessoa com encosto de pássaro,

gosta de janelas abertas,

quase sempre sonhar acordado;

às vezes viaja pra longe,

com asas de abrir clareiras,

em outras viaja pra dentro

com asas de romper fronteiras.

Precisa ser íntima do tempo,

prevaricar com muitos umbigos,

para poder entoar diferente

as coisas que todo mundo sente.



NALDOVELHO

ALGUMAS PALAVRAS


ALGUMAS PALAVRAS


Algumas palavras
às vezes escorrem
liquefeitas, ardidas,
e deixam sulcos no rosto,
de tão ácidas que são.

A palavra perda
costuma causar muito estrago,
ainda mais, quando vem
acompanhada da palavra saudade,
que é outra que arde
e não nos mostra compaixão.

Lágrimas doloridas, pesadas,
costumeiramente utilizadas
na forja de versos poemas,
mas que ainda assim vivem
a maltratar nossos corações.

Lágrimas?
Não há como impedi-las!
Melhor, então, tentar escrevê-las...
Talvez com o tempo se acostumem
a brotar de nossas mãos.

VESTES DA ESPERANÇA





VESTES DA ESPERANÇA

Quero lavar minha alma empoeirada
na gratuidade e leveza
da água corrente.

Pintar de riscos e compassos
novos sentimentos.

Desnudar-me de escuras vestes
e cobrir-me de um verde esperança.

Nascer no peito fome do novo...

Bater na porta de entrada da vida
e arranhar as paredes
até o seu abrir derradeiro.

Jogar chamas de crença nos sonhos
incendiando de realidade boa
meus dias de pesadelo.

Quero um vento que corte
meus vis pensamentos
e uma rede para pescar nova ilusão.

Pois sei que vivo à sete palmos da alegria
pois pressentida e perto me perfuma.

Quero o fogo dessa sensação
queimando as entranhas do meu sêr.

As graças da emoção aflorando em mim
como malha tecida de um novo amor
leve e livre sentido... fio à fio.

Rosy Moreira

Canção em rota de vôo



Canção em rota de vôo


Antes os dias eram apenas os dias:
perdas e ganhos, tarefas cumpridas,
solidão e algumas alegrias.
Agora os objetos cotidianos
revelam contornos de milagre,
palavras são aves-do-paraíso
no pensamento que virou floresta.


Lúcida no meio da vertigem
de nada ser banal desde esse encontro,
entendo a tua voz com seus desejos
de voar a ter asas e ser vento:
que a minha ternura seja árvore
ou ilha, e que tu sejas nuvem,
pássaro e audaciosa caravela.


Lya Luft
In: Secreta Mirada

Quem é Você?


Quem é Você?


Quem é você, poeta louco; que em versos,
sangra o próprio peito de tristeza e de alegria,
que quando canta, chora as luzes do universo
e quando chora, canta estrelas em poesia?

Quem é você, poeta louco, que em rimas,
traduz em páginas, suas mágoas mais secretas?
E com tanta dor e solidão, ainda afirma que
a poesia é o som e dá o tom d' alma deserta?

Sombra de paixões, canções e amores mortos,
espectro de sonhos, emoções e desejos
que, vaga perdido pela vida em trilhos tortos;

andarilho que de tanto sol e vento,
encosta o corpo magro para descansar seus medos;
e à noite seduzido pela lua, morre de contentamento!

NAthan de Castro

POESIA DA PRESENÇA INVISÍVEL


POESIA DA PRESENÇA INVISÍVEL


Através do quadro iluminado da janela
Olho as grandes nuvens que chegaram do Oriente
E me lembro dos homens que seriam meus amigos
Se eu tivesse nascido em Cingapura.
E aqueles que estiveram comigo nas horas concluídas
Ainda impressionam o ar
— Todos eles perderam-se no mar.
Agora, na praia deserta estou sozinho
— Caminho com os pés descalços na areia.
Nesta tarde morta o perfume das almas
Invade as enseadas, estende-se sobre os rios, paira sobre as colinas
— A Natureza assume a precária presença de um sonho;
Um trem corre sereno na planície dos homens ausentes;
Do fundo de minha memória sobe um canto de guitarras confusas;
Sinto correr de minha boca um rio de sombra,
A sombra contínua e suave da Noite.


Joaquim Cardozo

FLOR DO DESEJO


FLOR DO DESEJO

Flor do desejo
adentrou na noite nua,
foi nascendo sem espúria,
no útero da morena terra.
A primavera vale a flor
que nascer desse jardim,
nesse regresso sem dor,
meu canto é pelo amor
e faço isso por ti... Amei!
Sonhei com estrelas...
Uma barca à deriva céu incerto,
dentro corações libertos,
a suspirar por terras virgens,
logo de manhã eu fugi
mas quando voltei aqui,
os astros hão de contar
as horas que não dormi
e encantado a sonhar... Amei!
Sonhei com estrelas.

o.vasconcelos

sexta-feira, 6 de novembro de 2009




Um vento, um simples vento que passou..
Arrepiou meus cabelos, me fez serena, me fez menina de
braços abertos e mulher liberta.
Um vento que me enlaçou as pernas e ergueu
meu vestido me fazendo louca, amante, sedutora e inconstante.
Um vento semelhante, a uma ventania
mas eu estava tão entregue que ao invés
de ser levada eu flutuava e não sentia
o perigo, não me via diante do abismo.
Um vento incomum, vento de verão que ao
encostar na pele refresca nos faz desacostumar
com o infernal calor, e quando vai embora,
não sabemos como esfriar..
Um vento completamente avassalador..
E hoje eu me perguntou..
Eu que voei, ou você que me levou?



Anne

Versos vazantes...


Versos vazantes...

Do terraço, último andar da torre da minha existência
Atirei ao vento os poemas que escrevera
Com minh’alma apaixonada...
Eram cânticos extraídos do coração enamorado

A mulher que amei, a bem da verdade, nunca existiu
Era fruto da minha imaginação, musa inspiradora
Que julguei ser adequada a minha personalidade
Ocupava meus pensamentos e preenchia os meus vazios

Eu precisava ser razoável comigo mesmo, amar-me mais
Decidi então, poupar-me, dar-me um tempo
Refazer-me dessa frustrante utopia em que vivia
Talvez eu deva procurar um amor verdadeiro

Pensando melhor, sem essa de sair a procura de alguém
Nunca fui bom nisso, vou deixar que ela me encontre
Que o destino, os anjos, os deuses ou mesmo o universo
Numa inconfidente conspiração possa trazê-la até mim

São coisas em que eu acredito, ficarei na expectativa...
Que ela, a escolhida, tenha uma alma pura e forjada...
Da mais pura liga de amor, que se apresente, apareça...
Em minha porta com um belo sorriso pueril nos lábios

Indagando e exclamando:
Foi daqui que desperdiçaram lindos versos de amor?
Eu achei-os! Quero devolvê-los! E saber se ainda...
Está disponível o coração de quem os escreveu!

Ricardo G Denunes

É bem ssim...



É bem ssim...

No sentir-se livre, receptiva
Na sensação do ar invadindo teu ser
No contato com a maciez dos trigais
Na brisa que toca teu rosto
No perfume das flores do campo
Na paz que te envolve, te acolhe
É bem assim...
Que sentirás a minha presença
Saberás do meu amor por ti
Um amor puro, terno e verdadeiro
Que devolverá o teu riso de criança
Harmonizará teus humores
Silenciará tuas confusões
Abrandará teus medos
Tornar-te-á confiante, absoluta
É bem assim...
Este amor que está em mim
Que pra ti venho guardando
E só pra ti eu entregarei

Ricardo G Denunes

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Poesia minha...




Poesia minha...

Tanto tempo longe de você
E hoje a tenho aqui comigo
Fazendo-me companhia
Parte integrante da minha vida

Esse encontro que me pareceu marcado
Embora tardio e recente, sei que é pra sempre
Mesmo sem muito entender o por quê?
Sei somente que me faz bem!

Sempre ouvi dizer que pra viver em poesia
É preciso ter um coração terno, uma alma leve
Gostar das pessoas, dos animais, das plantas,
Das flores, rios e mares, ter amor à natureza

Coisas essas que aprendi desde tenra idade
Foram ícones na minha formação! Preciso ainda falar
Da minha paixão pelo céu e as estrelas, pela lua
Pelo sol e todos os astros e seres do universo

Poesia minha!... Devolveste-me a paz esquecida!
Feliz eu te recebo como o elo perdido que faltava...
Para unir todos os meus amores, paixões e crenças
E tornar o meu caminhar mais ameno e sorridente

Ando reescrevendo minha vida, me fazendo em versos
Hoje! Eu Sou a minha melhor e mais completa poesia!


Ricardo G Denunes

Se conhecer


Se conhecer


Não sei se será possível a gente escolher as próprias verdades,elas mudam tanto.

Não só por isso,nossas verdades quase nunca são iguais às dos outros,

E é isso que gera o que chamamos de solidão,desencontro,incomunicabilidade.

Talvez a maneira como me debato seja natural,e até positiva.

É possível que eu parta daí para um conhecimento maior de mim mesma.

Então estarei livre. Acho que meu mal sou eu mesma,

Esses círculos concêntricos envolvendo o centro do que devo ser.

Mas só poderei me aproximar dos outros

Depois que começar a desvendar a mim mesma.

Antes de estender os braços,preciso saber o que há dentro desses braços,

Porque não quero dar somente o vazio.

Também não quero me buscar nos outros,me amoldar ao que eles pensam,

E no fim não saber distinguir o pensar deles do meu.

Caio.F.Abreu

Tango


Tango

Um tango me persegue desde a infância
no canto, no piano, na memória
e se me impõe à voz, timbrando vário
são prolongar em mim a sua essência
nos dedos de meu pai sobre o teclado.
Não somente: transporta desde longo
tempo a escrita do pai, letra de tango
no papel sempre então visto e relido.
Um tango me persegue: sua marca
é o realejo crepuscular que sinto
na imaginação rodando lento
e quanto mais passado mais se acerca.
E letra e pai e som, tudo afinal
gira ao compasso do tango fatal.

Fernando Py

Apenas um poema...


Apenas um poema...

Apenas um poema...
Para transmitir a mansuetude da paz
Anunciar o cessar das minhas buscas
Tranqüilizar corações apaixonados

Apenas um poema...
Para dizer que estou me permitindo amar
Na intensidade maior, jamais sentida
Como se fosse o último amor nesta vida

Apenas um poema...
Para revelar os novos ditames do meu coração
Feliz agora, pulsando amorosamente no peito
No mérito de quem se guardou e foi valente

Apenas um poema...
Para declarar todo o meu amor e ternura
Pensamentos secretos meus que são só teus
Sentimentos profundos do meu bem querer

Apenas um poema...
Pra você meu amor!
Eu te amo!

Ricardo G Denunes

SÓ TU SABES


SÓ TU SABES





Só tu sabes das lágrimas

derramadas em silêncio

por noites bordadas na espera

com a ternura que meus olhos observam

no carinho que tuas mãos revelam;

só tu sabes das mandalas urdidas em segredo

e do perdão que eu não fui capaz de obter.



Só tu sabes como construir abrigos

nos caminhos que contornam perigos,

das rezas que desfazem feitiços,

das águas macias, mistérios,

do resgate de quem se perdeu no abismo,

da colheita feita em horas incertas,

das promessas que eu deixei de cumprir.



Só tu sabes macerar ervas remédios

que desfazem em nós a loucura

e curam feridas que impedem

que possamos desbravar lonjuras,

e apesar das perdas que dilaceram,

só tu sabes fazer do amor

teu rito sagrado, tua Lei.



Eu, decididamente nada sei!

NALDOVELHO

quarta-feira, 4 de novembro de 2009




Era uma vez... numa terra muito distante...uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima.
Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico...
Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito.
Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa.
Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.
A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre...
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:
- Eu, hein?... nem morta!

Luís Fernando Veríssimo

domingo, 1 de novembro de 2009

CHUVA E SOLIDÃO


CHUVA E SOLIDÃO

Minha alma chora com a chuva
Que cai insistente lá fora,
Saudade do meu amor,
Saudade de ir-me embora.

Presa entre as paredes da casa
Vou seguindo com minha dor,
Não tenho luz na estrada
Não encontro caminho para teu calor.

Alma nua como me visto
De encantos jogados ao léu,
Sou a fada dos teus sonhos
Nunca sou apenas uma mulher.

Que ama, chora e sente
Desejos por teus carinhos,
Calor de tuas mãos,
Corpo quente me cobrindo do frio.

Estou na vida estática
Parada sem teu amor,
Sou distância entre dois mundos
Mulher serena enterrada no escuro
De nós dois.

MÁRCIA ROCHA

Jardim Interior


Jardim Interior

Todos os jardins deviam ser fechados,
com altos muros de um cinza muito pálido,
onde uma fonte
pudesse cantar
sozinha
entre o vermelho dos cravos.
O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem por eles passa indiferente.


Mario Quintana

ESPELHO


ESPELHO

Do outro lado do espelho existe tanto
-rosto impassível – quando me imagino,
que o mito da existência desencanto
compondo silencioso o meu destino.


Do outro lado do espelho escuto o canto
que é um eco da cantiga do menino.
E a lâmina entre nós cai como um manto
que isola a sombra de seu figurino.


Mas através do vidro – vã imagem –
percebo a solidez do corpo, a vida,
nos olhos transbordantes de paisagem.


Existimos à parte, independentes,
e a gargalhada que nos intimida
nem sequer utiliza os mesmos dentes.





Lago Burnett

Perdi uma maleta
cheia de nuvens
e de flores
maleta onde eu carregava
todos os meus amores
embrulhados em neblina.
Perdi essa maleta
em alguma esquina
de algum sonho
e desde então
eu ando tristonho
sem saber onde pôr as mãos.
Se andando pelas ruas
você encontrar a tal maleta
por favor
me avise em pensamento
que eu largo tudo
e venho correndo...

Roseana Murray

Eles pensam que sou uma louca rapariga
Sou nada !
Não passo de uma menina cansada da vida,
destinada a ser vista pelos olhos dos outros
como a mais cínica das criaturas.
Eu mesma cheguei a acreditar e a festejar
essa tal façanha.
Mas nunca fui cortejada, nem amada.

Ainda espero ...

Venha cá, corajosamente, e me ama
Leva tudo de mim e não esqueça de sorrir
depois me afastarei sem dizer nada.

Cibele Camargo

Eu percebo pessoas a meu redor
um tempo de pensamentos maldosos
um tempo em que a presença significa equilibrio
Diplomacia !
O tom das palavras nada significava. Sua concordância
não bastaria, se não fosse parecida com aqueles
que a detem.
A coerência parecia não ter nada incomum com equilíbrio
A verdade era esquecida diante da elegância
dos intelectuais. O que não podiamos expressar,
jamais viria à tona.
A realidade dos deficientes da linguagem, nunca
renasceria - nem para os que sabem ouví-los
E também nunca poderia ser imitada
- Eles perceberiam !

Cibele Camargo

TRAÇOS FORTES


TRAÇOS FORTES

Meu corpo é várzea aberta
e descanso sob o sol quente
do seu olhar de verão.
Seus traços fortes mexem com meu pensamento.
E por um momento nem sei mais quem sou:
se sou eu...sou você... ou somos nós
unidos nessa brotação de carinho
e emaranhado de flertes.
Efêmeras horas escorrem da lingua desse tempo afoito
e saciamos a sede nessa chuva de desejos
...e o momento que vivemos tem a madrugada por aliada.
Subir e descer até onde o céu termina
e flutuar nas nuvens.
Como base...o sentimento!
O timbre conhecido do sussurro
varando o silêncio da noite em imensidão
oferecendo a ternura desses bons momentos.
Não sou mais eu...me perdi de mim.
Sou terra fecundada onde exerce sua lida.
A cada abraço...renasço!
como flor do campo a cada chuva!



Rosy Moreira



Tempestade que se foi,
vento soprando...
Regresso da magia do entardecer.

Na orla do mar o brilho suave do sol
refletido na água indo adormecer.

Brisa gelada...
No ar um aroma cítrico que o vento traz,
sinto teu cheiro e entorpecida bailo
em sua sinfonia...
Acompanho o balé das ondas,
das palmeiras e folhas no ar.

Nesta harmonia quero adormecer...
Sonhar...Fantasiar...Voar...Planar...
Até novo amanhecer.


BEBE

Moça bonita



Moça bonita

seu corpo cheira
ao botão de laranjeira
eu também não sei se é
imagine o desatino
é um cheiro de café
ou é só cheiro feminino
é só cheiro de mulher.
Moça bonita
seu olho brilha
qual estrela matutina
eu também não sei se é
imagine a minha sina
é o brilho puro da fé
ou é só brilho feminino
ou é só brilho de mulher
Moça bonita
seu beijo pode
me matar sem compaixão
eu também não sei se é
ou pura imaginação
pra saber você me dê
esse beijo assassino
nos seus braços de mulher.

Geraldo Azevedo

Eternas


Eternas



A importância de uma coisa não se mede com fita métrica

Nem com balanças nem barômetros

Que a importância de uma coisa há que ser medida

Pelo encantamento que a coisa produza em nós



Manoel de Barros

Necessário



Necessário




Aprendi a amar menos, o que foi uma pena

E aprendi a ser mais cínica com a vida

O que também foi uma pena, mas necessário

Viver para sempre tão boba e perdida teria sido fatal


Caio Fernando Abreu

O que nem eu sei


O que nem eu sei




Eu quero mesmo é alguém me faça mudar completamente de opinião

Que faça meu corpo querer companhia

Nos momentos em que minha mente insiste pela solidão

Que faça meu coração lutar contra minha razão

Que tanto toma conta de mim sem saber se é isso mesmo que eu quero

Se nem eu sei o que quero


Verônica H.

Ser leve


Ser leve



Eu sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva uma noite, que estraga uma semana só pelo prazer de ser má e tirar as correntes da cobrança do meu peito.
E espera impaciente ser salva por uma metade meio interessante que me tire finalmente essa sensação de perna manca quando ando sozinha por aí.
Eu só queria ser legal, ser boa, ser leve.
Mas dá realmente pra ser assim?


Tati Bernardi

Poder ser


Poder ser


Só ele conheceu uma mulher corajosa que admitiu todos os medos
Todas as neuroses, todas as inseguranças, toda a parte feia e real
Que todo mundo quer esconder
Ninguém nunca me viu tão nua e transparente como você
Ninguém nunca soube do meu medo de
Nadar em lugares muito profundos, de amar demais, de se perder
Um pouco de tanto amar, de não ser boa o suficiente
Só ele viu meu corpo de verdade
Minha alma de verdade, meu prazer de verdade
Meu choro baixinho embaixo da coberta
Com medo de não ser bonita e inteligente
Só para ele eu me desmontei inteira porque confiei que ele
Me amaria mesmo eu sendo
Desfigurada, intensa e verdadeira
Como um quadro de Picasso



Tati Bernardi

A um ti que eu inventei


A um ti que eu inventei



Pensar em ti é coisa delicada.
É um diluír de tinta espessa e farta
e o passá-la em finíssima aguada
com um pincel de marta.

Um pesar grãos de nada em mínima balança
um armar de arames cauteloso e atento,
um proteger a chama contra o vento,
pentear cabelinhos de criança.

Um desembaraçar de linhas de costura,
um correr sobre lã que ninguém saiba e oiça,
um planar de gaivota como um lábio a sorrir,

Penso em ti com tamanha ternura
como se fosses vidro ou película de loiça
que apenas como o pensar te pudesses partir.

António Gedeão