quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ROSAS DESFOLHADAS


ROSAS DESFOLHADAS




Rosas, ó rosas desfolhadas,
De tantas recordações amorosas,
Marcam as páginas amareladas
No meio do livro silenciosas.

Os poemas, no livro aprisionados,
Vertem lágrimas de sangue
Sob as pétalas, olhos estagnados,
Da folha de papel exangue.

Pétalas que inspiraram meus sonetos,
Notas que ritmaram meus cantos,
Hoje são apenas esqueletos
Dispostos em vários cantos

Dum jardim sem vivacidade,
Porque se foi num raio de lua
Para o céu da minha saudade
O meu amor deixando na rua,

Refletido numa poça d’água,
Seu rosto firme de traços bonitos,
Na testa fundos vincos de mágoa
Lembrando dores de velhos atritos.

E só restaram as rosas ressecadas,
Rosas, rosas, rosas e mais rosas,
Entre as folhas do livro abandonadas
Sufocando as estrofes suspirosas.

Maria Hilda de J. Alão.