domingo, 8 de novembro de 2009

O RIO



O RIO



O rio que nasce em meu quarto

inunda a casa e traz corredeiras

que levam para longe

coisas largadas desordenadas,

palavras impensadas,

amarguras, entulhos.



O rio que nasce em meus sonhos

arromba portas que impedem o acesso,

revelam segredos, histórias, enredos,

sentimentos engavetados,

decepções, constrangimentos,

dor de não poder.



O rio que nasce em minha cama

alimenta meus dias e lava as lágrimas,

derramadas faz tempo,

mas deixa aquelas choradas pra dentro,

inquietudes que eu tento

mostrar pra você?



O rio que nasce em meus versos

segue muitos caminhos e espalha sementes,

algumas ardidas com gosto de vida,

ha sempre aquelas que curam feridas,

outras demoram a dar flores e frutos...

Quem sabe um dia alguém possa colher?




NALDOVELHO