quarta-feira, 30 de setembro de 2009

VIVO CULTIVANDO PALAVRAS DENSAS






Vivo cultivando palavras densas!
Vez em quando colho uma e escrevo um poema,
às vezes, indeciso, colho muitas.
Gosto do som da palavra natureza,
saudade e sensibilidade são palavras férteis,
dão crias toda vez que eu as toco.

Água é uma palavra tão complexa
que em seu ciclo completo
é capaz de me fazer renascer.
Eternidade é uma palavra distante,
por mais que eu tente não consigo entender.
“Infinitude” então: nem ouso merecer!

Realidade é uma palavra relativa, verdade também!
Outro dia colhi a palavra tristeza,
e cismei de macerá-la à exaustão,
depois de algum tempo replantei-a no jardim...
Ontem colhi palavras poemas, enxertadas de beleza.
Preparei um monte de mudas e plantei-as todas em xaxins.

Vivo cultivando palavras densas,
e por mais que achem estranho
gosto de viver assim!

Eu olho você grande e distante
e da sua grandeza me comovo
e da sua distância me revolto.
Olho de novo.
Procuro reter em minhas mãos sua figura
mas ela gesticula, oscila e cresce
e numa inconstância distraída
no instante exato
por trás da vida desaparece.
Um desacato.
Do meu desaponto eu me levanto
pra levar embora outro desencanto
mas você me divisa e então me chama.
Me aguarda (em suas mãos),
reclama e me convida
e minha vida nessa ansiedade por fim entrego.
E nesse amor feito de espuma colorida
nós flutuamos:
você borbulha,
eu escorrego,
ensaboados,
você explode,
eu me desintegro.

Baila, teu doce bailar para a vida.
Estende teus movimentos
para em sombra acolher
aqueles que cansados
em ti buscam o
som maravilhoso
de viver.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O Perfumador de Flores





Eis minha vida
que ninguém conhece;
minha eterna lida
suave parecendo prece...
Não tenho nome;
nem tenho cor;
não passo fome;
vivo de flor...
Sou um designado:
o Perfumador de Flores;
vou nos jardins, vasos,
buquês de amores...
Porém, camélias,
dálias e margaridas,
preferem ser sérias,
um tanto contidas...
Transfiro, sendo assim,
o perfume que delas era,
para a rosa e o jasmim
fazerem primavera...
Ao sentires fragrância
numa flor ou no ar,
saiba que minha ânsia
vive por perfumar...

UMA CANÇÃO





Por detrás dos meus olhos há águas
Tenho de as chorar todas.

Tenho sempre um desejo de me elevar voando,
E de partir com as aves migratórias.

Respirar cores com os ventos
Nos grandes ares.

Oh, como estou triste...
O rosto da lua bem o sabe.

Por isso, à minha volta há muita devoção aveludada
E madrugada a aproximar-se.

Quando as minhas asas se quebraram
Contra o teu coração de pedra,

Caíram os melros, como rosas de luto,
Dos altos arbustos azuis.

Todo o chilreio reprimido
Quer jubilar de novo

E eu tenho um desejo de me elevar voando,
E de partir com as aves migratórias.

Saudade que Foi...


Saudade que Foi...

Aquela saudade que doi...
Que fica entre pensamentos
E versos gritantes...
Entregues em delírios,
Tanto faz de dia ou a noite,
Entre estrelas cometas ou na brisa...
Aquela saudade que doi
Sim, aquela! virou flor, com essência exalante...
E me foi entregue em forma de um lindo buque
Junto com um sorriso faceiro
E um olhar feito canção...
Aquela saudade?
Sanou com teu 'ficar',
Com teu abraço.
Ela se foi deixando a primavera...

Onde guardar o olhar




“A diferença se encontra no lugar
onde os olhos são guardados.
Se os olhos estão na caixa de ferramentas,
eles são apenas ferramentas
que usamos por sua função prática.
Com eles vemos objetos, sinais luminosos,
nomes de ruas e ajustamos a nossa ação.
O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário.
Mas é muito pobre. Os olhos não gozam...
Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos,
eles se transformam em órgãos de prazer:
brincam com o que vêem,
olham pelo prazer de olhar,
querem fazer amor com o mundo….”

Poetica flor do bicho inspiração





Qual é o bicho que reverencia a flor
que em suave brisa faz a dança
da veneração,
Não é bicho de risco
nem semáforo de esquina
vôa no asfalto
pousa lá no quintal...
No pé de mamangava
na flor daquele sorriso
desabrochando moleca menina,
no abissal dos anos da vida
pétalas da mocidade
linda flor...
Como hibiscos nas praças
ofertando cores dos tons suaves
aos berrantes,
o bicho paparicando sempre a flor.
Qual é o bicho que reverencia a linda flor?

Єѕтσυ αтráѕ đσ qυє ƒίcα


Єѕтσυ αтráѕ đσ qυє ƒίcα
αтráѕ đσ ρєŋѕαмєŋтσ.

ίŋúтίl qυєrєr мє clαѕѕίƒίcαr:
Єυ ѕίмρlєѕмєŋтє єѕcαρυlσ.

Ģêŋєrσ ŋãσ мє ρєgα мαίѕ.

Ąléм đσ мαίѕ, α νίđα é cυrтα
đємαίѕ ραrα єυ lєr тσđσ σ
grσѕѕσ đίcίσŋárίσ α ƒίм đє ρσr
αcαѕσ đєѕcσвrίr α ραlανrα
ѕαlναđσrα.

Єŋтєŋđєr é ѕємρrє lίмίтαđσ.

Ąѕ cσίѕαѕ ŋãσ ρrєcίѕαм мαίѕ
ƒαzєr ѕєŋтίđσ.
Ŋãσ qυєrσ тєr α
тєrríνєl lίмίтαçãσ đє qυєм νίνє
αρєŋαѕ đσ qυє é ρσѕѕíνєl
ƒαzєr ѕєŋтίđσ.
Єυ ŋãσ: Qυєrσ é υмα νєrđαđє ίŋνєŋтαđα.

Pσrqυє ŋσ ƒυŋđσ α gєŋтє єѕтá
qυєrєŋđσ đєѕαвrσcђαr đє υм
мσđσ συ đє συтrσ.

Dramaturgia




Alguém joga xadrez com minha vida, alguém me borda do avesso, alguém maneja os cordéis.
Alguém me inventa e desinventa como quer: talvez seja esta a minha condição.
Alguém dirige o teatro de sombras no qual fui ré sentenciada.
Finjo entender de tudo: ando de um lado e outro, faço gestos com a mão,
cuspo as sementes do fruto entalado na garganta como um grito:
Alguém aí pode me ouvir?
Ninguém reage, ninguém tenta aplaudir:
nesse reino todos usam disfarces, menos a solidão.

CRENÇA




A crença na liberdade me impulsiona,
ainda que viva preso às minhas escolhas;
por isto morro um pouco menos a cada outono
e renasço um pouco mais por que me proponho.

A crença na amplitude me impressiona,
ainda que viva limitado à vida que me toma;
por isto morro um pouco menos a cada passo
e renasço um pouco mais nas coisas que faço.

A crença na eternidade me assusta,
ainda que pense imortal a alma que sonha;
por isto morro um pouco menos a cada tropeço
e renasço um pouco mais em meus recomeços.

A crença na existência me emociona,
ainda que não consiga chorar como devia;
por isto morro um pouco menos a cada dilema
e renasço um pouco mais a cada poema.

A crença que tenho em Deus me questiona,
ainda que cometa tantos sacrilégios,
por isto morro um pouco menos sempre que possa,
e renasço um pouco mais a cada resposta

Trilha Batida









Em todos os caminhos,
vestígios de outros passos.

A própria voz se perde
no vozear imenso.

Há muito,alguém pensou
os nossos pensamentos.

Só existe um refúgio,
uma posse,
um domínio defendido:
o profundo de nós mesmos,
singular
e indevassável.

Helena Kolody

Doem!






Os sonhos doem,
porque são forjados na solidão,
nos labirintos e nos becos,
da alma que se encontra vazia.


Os sonhos doem,
porque são sonhos sós,
sem previsão ou certeza,
da alma que espera muito.


Os sonhos doem,
porque são desejos desenhados,
em paredes do pensamento,
da alma que espera luz.


Os sonhos doem,
porque são cara e coroa,
luz e escuridão,
da alma que viaja.


Os sonhos doem,
porque são castelos de areia,
que o vento não perdoa,
se a alma não é crente.

Flores de Cactus



Flores de Cactus

Flores de cactus resplandecentes,
Espelhantes, encarnadas!
Rubras gargalhadas
De cortesãs…
Embriagam-se de sol,
Pelas doiradas manhãs,
Viçosas e ardentes!

Bela flor imprudente!
Brilha melhor o sol rutilante
Nas suas pétalas vermelhas…
É sugestivo
O ar insolente
E petulante,
Como se deixam morder
Pelas doiradas abelhas!

Nascem para ser beijadas
E possuídas
Pelo sol abrasador…
Lascivas,
Predestinadas
Para os mistérios do amor!

Eu gosto desta flor pagã
E sensual,
Que num místico ritual
Se entrega toda aberta
Aos beijos fulvos do sol!

Oh! Flor do cactus enrubescida!
No teu vermelho, há sangue, há vida…
- E eu tenho uma enorme sede de viver!

Flores de Cactus

Flores de cactus resplandecentes,
Espelhantes, encarnadas!
Rubras gargalhadas
De cortesãs…
Embriagam-se de sol,
Pelas doiradas manhãs,
Viçosas e ardentes!

Bela flor imprudente!
Brilha melhor o sol rutilante
Nas suas pétalas vermelhas…
É sugestivo
O ar insolente
E petulante,
Como se deixam morder
Pelas doiradas abelhas!

Nascem para ser beijadas
E possuídas
Pelo sol abrasador…
Lascivas,
Predestinadas
Para os mistérios do amor!

Eu gosto desta flor pagã
E sensual,
Que num místico ritual
Se entrega toda aberta
Aos beijos fulvos do sol!

Oh! Flor do cactus enrubescida!
No teu vermelho, há sangue, há vida…
- E eu tenho uma enorme sede de viver!

Ali!


Ali!


Onde os contornos da noite
Rebordam-se com as saudades
Ali chora minh’alma !
Posto que como rio
Contra corrente
Verto lágrimas em torrente!
Sem magoas e em solidão
Feito o vento passante
A varrer o chão!
Cavalgo o tempo
Em vagas recordações
Manso pasmo e lento!
Relembrando teu sorrir teu pulsar...
Noites de lua e estrelas...
Boca a me beijar!
Ali na tênue divisão
Entre a luz e a escuridão
Retumba meu coração!
Posto que ali, no relvado
Muitas das alvoradas
Nos pegou enamorado!
Assim quando meus olhos vão prali
Algo se aperta por aqui
Não por tristeza ou dor
Apenas por amor!

Do Beijo




No vasto palco do acaso
Onde a vida é abstrata
E surpreende
Selaram o encontro de
Duas almas
No toque de
Duas bocas imprudentes
No toque imprudente
De duas bocas
Selaram o encontro de
Duas almas
Do beijo fez-se o amor
Fez-se uma história
De dois...Fizeram um
Para todo o sempre!

Sentindo você...




No levitar de minha alma
Alando como uma folha
sinto o toque suave do vento
em minha pele
Será esse o destino?

Você passa por mim com ares de
menino e sussura,
- Vem comigo para um passeio
- Para onde?
Você fica em silêncio ...

Passa o tempo...
Teço tranças com fios de luz
Cresço depois chuva
Danço no ritmo que o vento me
ensinou
Nesse início da nossa Amizade

A folha tem sua razão de viver
Ao cair da noite
Veste um vestido bordado
Cravejado de gotas de orvalhos
E se ponha à lhe esperar

Você chega assobiando à melodia
Só como vento sabe à soprar
Desalinhando meus cabelos
Deixando a minha alma
Completamente nua e solta no ar!

Serenata




Soluços de um violino
numa frouxa calma,
dentro da noite fria
de lua cheia ferem
a alma. Saudades
sufocam o peito.


Relembrando o passado
passa mãos pelos cabelos
tentando afastar lembranças,
anda pelo aposento, observa
a janela. Parece esperar.


Vento sopra gelado
no jardim, atropela
folhas mortas,
e o choro permanece
debaixo da janela numa
cantiga arrebatadora.


Chora sufocada e triste
pelo abandono, sem entender
motivos do adeus, e agora
a serenata? Seria inconseqüente?
Simplesmente benevolência?

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O amor, ter ou ser




O amor é um pássaro rebelde
que ninguém pode aprisionar,
de nada serve chamá-lo
pois só vem quando quer.
De nada servem ameaças ou súplicas,
um fala bem, o outro cala-se
é o outro que prefiro, e esse não disse nada,
mas agrada-me.
O amor é filho da boêmia,
que nunca, nunca conheceu qualquer lei;
se não me amares, eu te amarei;
se eu te amar, toma cuidado!
O pássaro que julgavas surpreender bateu asas e voou.
O amor está longe, podes esperá-lo
já não o esperas
aí está ele.
À tua volta, depressa, depressa,
ele vem, ele vai, depois volta...
Julgas tê-lo apanhado, ele te escapa;
julgas que te fugiu, ele agarra-te.
O amor é filho da boêmia,
que nunca conheceu qualquer lei.
Se não me amares, eu te amarei;
se eu te amar, toma cuidado.

Eu poderia ser feliz se quisesse, a minha felicidade depende de mim.
Eu poderia entranhar-me pelos bosques e descobrir velhos segredos,
guardados ali pelos ventos.
Eu poderia subir na mais alta montanha e sentir-me única, dona do mundo.
Eu poderia correr pelos campos como uma criança,
de braços abertos, sorrindo, como gente grande.
Eu poderia ir reverenciar o mar, ficar longas horas a olhá-lo,
e adormecer acariciando suas águas.
Eu poderia deitar-me na grama fresca ao sabor do vento no rosto,
e contar cada nuvem, cada pássaro.
Eu poderia, numa tarde morna, ao som das flores líricas,
recostar minha cabeça cansada, no tronco de uma velha árvore
e beber a água da fonte da vida.
Eu poderia... poderia!...
Mas se eu dissesse que fiz tais coisas, quem em mim acreditaria?



Maria Jânia Teixeira

EU QUERO!




Entrego o meu poema ao vento
que dele se faz poesia
nós dois na alegria
do encanto da canção!

Quero o verso
rimado qual feitiço
um encontro perfeito
de um novo dia com
raios de sol!

Quero o beijo que
me deste a
sonora harmonia
da paz e da magia.

Quero as flores
as rimas e as cores
quero que vejas
estrelas em mim!

Quero com
a alma exposta
na emoção
tanto tempo contida
viver
realidade e sonhos!

Quero olhar o mar contigo
navegar nas ondas do
meu desejo
o resto é silêncio do oceano!

Quero num amplexo eterno
Dizer-te: "EU QUERO!"

Me segue...




Para que eu lhe mostre,
pessoas conhecendo pessoas,
pessoas amando pessoas,
pessoas que acolhem pessoas...

Para que eu lhe diga,
algo sobre ser feliz,
algo que deixe alguém feliz,
algo que não se contradiz, ser feliz...

Para que eu lhe cante,
uma bela canção,
uma pequena oração...

Para que eu apenas fale,
daquilo que precisa ser dito,
do meu mais nobre sentimento,
do meu soluço de lamento...

Me segue...

Me acompanhe o passo,
logo atrás, do meu lado, no compasso,
no meu tempo e no meu espaço...

Para que te prenda no laço,
para te apertar no abraço,
para te guardar no coração...

Me segue...

A Flor e a Fonte







"Deixa-me,fonte"
Dizia A flor tonta de terror.
E a fonte,sonora e fria,
Cantava,levando a flor.

"Deixa-me,deixa-me, fonte!"
Dizia a flor a chorar:
"Eu fui nascida no monte..."
"Não me leves para o mar."

E a fonte,rápida e fria,
Com um sussuro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.

"Ai,balanços do meu galho,"
"Balanço do berço meu;"
"Ais claras gotas de orvalho
"Caídas do azul do céu..."

Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria
Rolava levando a flor.

"Adeus,sombra das ramadas,"
"Cantigas do rouxinol;"
"Ai festas das madrugadas,"
"Doçuras do pôr do sol;"

"Carícias das brisas leves"
"Que abrem rasgões de luar..."
"Fonte,fonte não me leves,
"Não me leves para o mar...!"

As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a fonte e a flor...

TESTAMENTO


Deixo a ti meus sentimentos
Meus versos, pensamentos
E também meu coração
Que te dei com permissão

Fique com as lembranças
Que semeei pelo caminho
Arrematado de esperanças
Regado com carinho

Na gaveta principal
Estão guardados nossos mimos
São teus, pois nada mais preciso
Parto nua... despida de capital

Tem também os porta retratos
Que ficam ao teu dispor
Se te causarem dor
Queime, já não temos mais contratos

No armário, deixei o edredom
Pode ser que a noite esfrie
E sintas falta do meu corpo
Daquele jeito, que foi tão bom

Meu perfume, perdeu o cheiro
Deixei sem mais ter dó
Foi da vida um tanto morta
Nosso toque o primeiro

Por último preguei na geladeira
Um bilhete que diz: Te Amo!
Caso te sintas sem beira
Saibas que parto só


Te deixo tudo que tenho...

ENFEITIÇADA



ENFEITIÇADA

Tocarei para ti melodias
divinais
com todas as rimas e acordes
e escreverei versos
qual partes harmonicas de
uma partitura musical.

Em cada estação farei poemas
e a cada primavera oferecerei
flores e canções
pra te alegrar
declamarei sonetos...
quero ver um sorriso a iluminar
teu rosto.

Me apaixonei...fui enfeitiçada
estou confusa
ansiosa
o amor me encontrou e é
a mesma estória de sempre
a sensação de tola...
seduzida pela paixão.

Não tenho dormido...
contando estrelas
vigiando
as noites e as madrugadas
para agarrar as manhãs
não deixar que
o tempo passe
e o sibilar do vento
leve essa porção mágica
dos meus sonhos para muito
longe num lugar no qual
nem sei se poderei encontrar-te!

MAJESTOSAMENTE


O pintor arrebenta em cor.

Majestosamente...
como inspiração que nasce no costume da manhã
acordando paixões dormentes.

Rabiscos tomam forma
na tinta que se espalha....no coração que se abre
como o misterioso silêncio
que nada fala e tudo diz.

Palavras escorrem da boca e derramam-se nas mãos
traçando seus loucos pensamentos
na cor suprema de todos os horizontes.

Mistérios matizes e misturas percorrem suas veias.
Pintando com sangue...com suor...
com graça e emoção.

Orvalha a tinta
e pousa o pincel obstinado
esboçando divinamente imagens perfeitas de um clarão.

Numa exuberante beleza que não nos cabe aos olhos.

sábado, 26 de setembro de 2009

MEU SILÊNCIO




Silêncio que chega, se instala
Convite ao mergulho no meu Eu profundo
ao si mesmo
Me chamas a intimidade
tornastes o fundo do meu ser onde

perpassam as emoções,

sensações que perdem o som

e se emudecem para reverenciar-te

e se tornarem cúmplices contigo.
Solto os véus que escondem o verdadeiro
sentido,
Sentimento profundo de meu próprio mundo
Nesse silêncio de raízes profundas
Deixo-me Ser ...
Acontecer...
Transparecer ...
Sou...
Desejos, sonhos, lágrimas, realidades,

alegrias, significados,
Medos, nostalgias, lembranças, saudades,

escolhas, possibilidades,
Solidão, riscos, incertezas, quietudes, culpas ,

desculpas, verdades, angústias,
Morte, renascimento,
E no silêncio do meu e com o meu próprio mundo
Sou presença
Sou liberdade
Sou encontro,
Sou existência
Um ser no mundo,
Sou Eu...
Um eterno vir a ser...

Não vou dormir,
Vou te esperar...
Nua e serena
A noite será pequena
Para acalmar minha vontade
Não vou dormir,
Vou te esperar
Como na primeira vez
Que a gente fez
O dia acordar...

Remoer do Eros





O carinho é tanto por ela que chega a doer
Poesias penso em discorrer
Quando a vejo, o coração chega a remoer
Sua presença balança minha alma e penso em morrer.


No tocar de sua pele desejo escrever
Ao lhe dar as mãos sinto prazer
Juntos na cama não enxergo nada só você
O seu toque em meu rosto me faz amolecer.

Tão leve e suavemente iniciamos um delicioso remexer
Dois corpos se tornam um e começam a estremecer
Finalmente, nosso gozo chega a florescer
Nos seios dela desejo eternamente esconder.

Mas a vida começa a aborrecer
Tão lindo e levemente vem o amanhecer
Sem conter a chuva que cai, sou obrigado a me conter
A conviver e não corresponder o que sinto corroer.

Diante do espelho sujo desejo desaparecer
Não consigo pensar na impossibilidade de perder
Cansado e desiludido começo a esquecer
Nesta vida receio enlouquecer e meus belos sentimentos remoer.

O Tempo...




Não apresses o tempo
Rico em sabedoria
Conduz-nos suavemente
sem burlar curvas
driblar caminhos

Ah!!! O tempo...
Faz nos crer
em um mundo invisível
Soberano...

Em uma força maior
que os sonhos,
que os planos...

É coerente
Sensato...
Trás respostas que os lábios
não ousou falar,
e o coração não soube explicar...

Não apresses o tempo!!!

INVENÇÕES




Invento luares de agosto
e auroras boreais
invento as noites mais frias
invento as noites mais quentes
invento crisântemos transparentes
guirlandas de silêncios minerais
invento algas cristalinas
cavernas de cristais
invento o que só com amor
se pode inventar
o que já foi dito mil vezes
e que sempre se dirá.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

EU SOU A VIDA



Sou a essência do mar
que sacode ondas grandes
fazendo brisa
e refrigera a tarde quente.
O amarelo que muda a cor
das verdes plantas
folhas que caem desfolhando
nas velhas manhãs.
Mas faço verdejantes
em outros tempos
e o surgimento das flores
desabrocham e vingam frutos.
Sou toda essa aparência
que todos os olhos vêem
sem perceber onde estou,
você sabe quem eu sou!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

SE AS MINHAS MÃOS PUDESSEM DESFOLHAR






Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.


Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.


Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!

Me Revelar







Tudo aqui!

Quer me revelar

Minha letra

Minha roupa

Meu paladar

O que eu não digo

O que eu afirmo

Onde eu gosto de ficar

Quando amanheço

Quando me esqueço

Quando morro de medo do mar

Tudo aqui!

Quer me revelar

Unhas roídas

Ausências, visitas

Cores na sala de estar

O que eu procuro

O que eu rejeito

O que eu nunca vou recusar

Meu grito, meu beijo

Meu jeito de desejar

O que me preocupa

O que me ajuda

O que eu escolho prá amar

Quando amanheço

Quando me esqueço

Quando morro de medo do mar

Da vida nem quero tanto


Da vida nem quero tanto

Da vida nem quero tanto
Pelas manhãs o seu abraço
Nas tardes douradas seu colo
E nas noites uma casa no campo

Não quero castelos de areia
Quero construções em rochas
Singelas, porém harmoniosas
Com mais flores e menos pranto.

Quero um sorriso largo e intenso
Viver um dia de cada vez
Com sinceridade e doçura
Com mais graça e menos lei

Da vida nem quero tanto
Quero amigos junto à mesa
Compartilhar sem hipocrisia
Olhar nos olhos e exalar alegria.

Não quero tanto da vida...

Exêntrico


Diante das escolhas
Eu não tenho opções
Viver em uma realidade dura
Ou num mundo de ilusões
Escolho as ilusões
Ouço o que quero ouvir
Seleciono minhas visões
Em meio a minhas ações
Dizem que sou louco
Por viver alucinações
Dispenso opiniões
Não me encontro nas razões
Os homens criam as regras
Prefiro viver às cegas
Criando ocasiões
Imagino sensações
Vivo emoções
Perco-me no tempo
Vivo o momento
Repleto de sentimento
Em várias situações
Vivo insano,
Mas é dessa forma que eu amo
Meio excêntrico
Alimentando-me de paixões

Agente Secreto 007




Sou agente secreto a serviço de Vossa
Majestade a Rainha

Tenho licença para matar quando a decisão
for não morrer

O meu trabalho é de altíssimo risco e a
minha missão...

É proteger a Rainha, o Reino Unido e o resto
do Planeta

Minha natureza é corajosa, audaciosa,
determinada

Meu espírito é indomável, pulso firme,
coração valente

As mulheres não resistem ao meu poder de
sedução

Domino seus corações, infiltro-me em seus pensamentos

Filtro seus desejos mais íntimos, desnudo
suas almas
Deixo-as extasiadas e perdidamente
apaixonadas sem volta


Nada que elas não possam gostar, tampouco reclamar ou arrepender-se.

FELICIDADE


Ela veio bater à minha porta
e falou-me, a sorrir, subindo a escada:
"Bom dia, árvore velha e desfolhada!"
E eu respondi: "Bom dia, folha morta!"

Entrou: e nunca mais me disse nada...
Até que um dia (quando, pouco importa!)
houve canções na ramaria torta
e houve bandos de noivos pela estrada...

Então, chamou-me e disse: "Vou-me embora!
Sou a Felicidade! Vive agora
da lembrança do muito que te fiz!"

E foi assim que, em plena primavera,
só quando ela partiu, contou quem era...
E nunca mais eu me senti feliz!

Florescer


Fazemos força para nascer...
E um contínuo esforço para crescer
Porem, algumas vezes, no auge de nossas folhas, flores e frutos
Temos que morrer

Assim como existe o escuro da noite
O pranto...
Há o clarão do dia
A alegria...

Assim como existem as chuvas molhando a terra
Para novo plantio
Há o podar das árvores
Para frutos novos e sadios

O tempo agora é de reviver!
Quero apenas, poder amanhecer!
E, em meio aos espinhos
Pegar carona com a primavera e florescer

VIAGEM.


Que praias selvagens são essas
onde tuas curvas ostentam
despudores?

Que matas virgens são essas
onde tuas vergonhas delatam
indiscrições?

Que desertos abismáticos são esses
onde meus destinos se precipitam
suicidamente?

Que montanhas íngremes são essas
onde minhas mãos serpenteiam
cheias de malícia?

Que lugares fascinantes são esses
delicadamente tatuados em teu corpo
amorenado?

Onde ficam esses lugares inóspitos?
Eu preciso, mulher, conhecê-los
urgentemente!

Eu, sabendo que te amo,
e como as coisas do amor são difíceis,
preparo em silêncio a mesa
do jogo, estendo as peças
sobre o tabuleiro, disponho os lugares
necessários para que tudo
comece: as cadeiras
uma em frente da outra, embora saiba
que as mãos não se podem tocar,
e que para além das dificuldades,
hesitações, recuos
ou avanços possíveis, só os olhos
transportam, talvez, uma hipótese
de entendimento.
É então que chegas,
e como se um vento do norte
entrasse por uma janela aberta,
o jogo inteiro voa pelos ares,
o frio enche-te os olhos de lágrimas,
e empurras-me para dentro, onde
o fogo consome o que resta
do nosso quebra-cabeças.

Tango...


... uma lenta melodia
E o tom plangente do acordeon
Comanda os gestos dos nossos corpos unidos.
Abraças-me de tal modo
Que o teu braço livre me envolve o pescoço
Rodeando-o integralmente num amplexo de posse.
Neste momento és só meu.
A tua face, colada à minha,
Como que pretende penetrá-la para melhor me sentir.
Por instantes quedamo-nos suspensos numa qualquer nota sustenida
Para logo em seguida encetarmos uma quase marcha
Que culmina numa imobilidade de estátua, efémera, mas viva.
Rodopio agora para um e outro lado, sem nunca te largar
Como num ritual, percorremos todas as direcções.
O acorde final encontra-nos, reclinada eu, debruçado tu,
Olhos nos olhos,
Num contacto intenso de posse mútua...
E meus lábios esperaram pelos teus
Para docemente me tirares à rosa que eles aprisionavam.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

ESPELHO



ESPELHO

Do outro lado do espelho existe tanto
-rosto impassível – quando me imagino,
que o mito da existência desencanto
compondo silencioso o meu destino.


Do outro lado do espelho escuto o canto
que é um eco da cantiga do menino.
E a lâmina entre nós cai como um manto
que isola a sombra de seu figurino.


Mas através do vidro – vã imagem –
percebo a solidez do corpo, a vida,
nos olhos transbordantes de paisagem.


Existimos à parte, independentes,
e a gargalhada que nos intimida
nem sequer utiliza os mesmos dentes.

terça-feira, 22 de setembro de 2009


...E se eu toquei seu coração,
não há de ser em vão,
algum fruto vais dar...
Meu toque foi com as mãos,
leve e suave eu só quis te encantar.
Mas...
Por ter tocado seu coração,
acredite ou não!
Nunca imaginei faze-lo sofrer,
tudo que quis foi, faze-lo entender,

que nossas almas tinham que se
encontrar...
Então, não me culpes por ter
tocado o seu coração, pois,
você tocou o meu primeiro...

Canteiros...



Nos teus braços:
Viajei nas asas da borboleta,
Pousei em canteiros.
Alimentei-me do pólem,
Saciei minha sede com,
O orvalho da rosa.

Dos teus lábios:
Roubei o mel das abelhas,
Visitei o arco-íris.
Colhi estrelas e resgatei,
O brilho da tua íris.

No calor do teu amor,
Brinquei de bambolê,
Nos anéis de saturno.
E quando aterrissei,
Nos seus braços repousei.

O beija flor me contou,
O quanto que me querias...

Dançamos a valsa
Tocada pelos colibris.

Mas foi nas asas
Da borboleta,
Pousando em canteiros,
E no canto dos colibris
Que acordei...

Estava sonhando,
Ah! Mas eu estava feliz.

Porta Fechada.


Fechei portas naquele dia.
Aliás, é o que tenho feito:
fechar portas!

Tentei fugir de insuportáveis
noites de insônia
e de manhãs vazias.

Quis deixar os dias que se
enegreciam quando o sol de põe.
Noites e dias sem fim
que aumentam a solidão.

Fechei as portas
pela ausência de futuro...
e eis que subitamente acende-se a luz,
...e a porta estava fechada!

É fácil chegar a porta.
Difícil é abrir e entrar.
Há portas que devem
permanecer fechadas.
As vezes morrer é o único
trunfo que resta.

Ainda que no limite, cada
um faz sua parte.
Cogite pedir perdão,
não existe sabedoria no amor.

Bem Querer


"...Guarda-me no seu coração
Como se eu fosse as batidas
Sem ritmo, em aceleração...
Guarda-me em seu bem querer
Como um poema de amor,
Uma doce canção...
Guarda-me em sua vida
Pois dela é que nasce o meu
Sorriso...
Dela, que nasce todas as flores
do Amor que sinto por Ti!..."


Ignez Sparapanni

Mar




Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.

E num mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós.
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.

E de todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.

UM BRINDE AO AMOR


Olha-me! Quero ser teu espelho...
A água da tua fonte...
Teu céu...
teu mar...
teu horizonte...
Diante do teu amor,
me postar de joelhos

Escuta-me, ainda que por um momento!
Assim saberás quem sou
De onde venho, pra onde vou
Lerás meus sonhos e pensamentos
Beija-me, como à flor
Beija o beija-flor!
Torna-me a mais
feliz das criaturas!

Te prometo muita alegria
Sorrisos todos os dias
Um brinde ao amor,
na taça da ternura...



Se um dia alguém fizer com que se
quebre a visão bonita que você
tem de si, com muita paciência
e amor reconstrua-a.
Assim como o artesão recupera
a sua peça mais valiosa que
caiu no chão, sem duvidar de que
aquela é a tarefa mais importante,
você é a sua criação mais valiosa.
Não olhe para trás.
Não olhe para os lados.
Olhe somente para dentro, para
bem dentro de você e faça dali
o seu lugar de descanso,
conforto e recomposição.
Crie este universo agradável para si.
O mundo agradecerá o seu trabalho.